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A Meteorologia na Prevenção e Redução do Impacto dos Desastres Naturais
Sexta-feira, 14 Janeiro 2011por  Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar Hits : 4903

A Meteorologia na Prevenção e Redução do Impacto dos Desastres Naturais

 

Teresa Abrantes

 

(Directora do Departamento de Observação e Vigilância Meteorológica do Instituto de Meteorologia)

 

 

 

Seminário da disciplina de Meteorologia Sinóptica e Previsão do Tempo (mestrado e licenciatura em Ciências da Terra e da Atmosfera), aberto a todos os interessados.

 

 

RESUMO


A Meteorologia tem um papel essencial na prevenção e mitigação dos desastres naturais, uma vez que cerca de 90% de todos os riscos naturais se relacionam com o tempo, o clima e a água. Deste modo, a Organização Meteorológica Mundial, OMM, e designadamente os Serviços Meteorológicos de cada país desempenham um papel fundamental na prevenção e na redução do impacto dos desastres naturais, o que constitui uma questão de primeira prioridade.


As actividades socio-económicas dependem em larga escala das condicionantes tempo e clima, estando directamente relacionadas com estas variáveis e sofrendo a sua influência. A crescente preocupação com as causas e consequências resultantes das alterações climáticas surge como um pilar essencial no processo de prevenção e mitigação dos desastres naturais.


Os efeitos económicos dos desastres naturais têm vindo a revelar uma nítida tendência ascendente nas últimas décadas. Note-se, ainda, que os países em desenvolvimento, particularmente os Países Menos Desenvolvidos (PMD) são mais afectados por esses desastres, o que aumenta a sua vulnerabilidade e lhes atrasa o crescimento económico, por vezes durante décadas.


Embora os riscos naturais não possam ser evitados, a conjugação daavaliação de risco e avisos precocescom medidas de prevenção e mitigação pode evitar que eles se transformem em desastres.Isso significa que podem ser tomadas medidas para reduzir consideravelmente a consequente perda de vidas e os prejuízos socioeconómicos. A OMM e os Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais contribuem significativamente, a nível nacional e internacional, para a identificação, avaliação e monitorização dos riscos de desastre e para a difusão de avisos precoces. A OMM mantém o seu empenho em colaborar com as autoridades e parceiros de âmbito nacional no sentido de reduzir para metade, nos próximos 15 anos, o número de mortes devidas aos desastres naturais de origem meteorológica, hidrológica e climática.


Sabe-se que uma condição prévia fundamental para a prontidão em caso de desastres é um sistema eficiente de avisos precoces, capaz de transmitir em tempo útil à população em risco informações precisas e de confiança


Os Serviços Meteorológicos Nacionais fornecem também informações vitais que habilitam os respectivos países a desenvolver estratégias proactivas de mitigação dos efeitos dos desastres naturais Um Serviço Meteorológico pode adoptar diversas abordagens à divulgação da informação às autoridades e ao público em geral, baseando-se especialmente nas melhores tecnologias existentes localmente. No entanto, mantêm-se muitos dos desafios relativos a assegurar que todos os países estejam adequadamente equipados com um sistema eficiente de alerta, com vista a um fluxo eficaz de avisos à comunidade. Os países deverão também desenvolver a capacidade de resposta à informação através da eficácia de planeamento e resposta à emergência. Além disso, os programas de instrução e sensibilização do público constituem uma componente crítica das estratégias de prevenção necessárias para habilitar o público a conhecer os riscos e os seus potenciais efeitos


O Instituto de Meteorologia, como autoridade nacional no domínio da meteorologia e na emissão de Avisos Meteorológicos, através do seuCentro de Análise e Previsão do Tempo(CAPT), que funciona permanentemente 24 horas por dia, assegura a Vigilância Meteorológica ou seja o acompanhamento permanente das condições meteorológicas e a sua evolução, tanto a curto como a médio prazo.


AVigilância Meteorológicaé feita através da análise em tempo real dos dados meteorológicos obtidos quer através da rede de estações do IM, de superfície e de altitude, quer através de detecção remota, imagens de satélite, dos radares meteorológicos do IM e da rede de detecção de trovoadas do Instituto..


O meteorologista do CAPT analisa todos os dados em tempo real, faz o diagnóstico da situação e prevê a sua evolução através da interpretação de cartas de prognóstico dos diferentes modelos numéricos de previsão (ECMWF, MetOffice, Arpège, ALADIN, etc).


No caso de se prever uma situação meteorológica de risco são emitidos Avisos Meteorológicos, quer para terra para as autoridades de protecção civil e/ou da saúde, quer para o mar para as autoridades marítimas. Estas por sua vez desencadeiam as acções de prevenção que consideram adequadas face à situação de risco que se prevê.


Desde 1998 existe uma colaboração activa entre o IM e a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), com a realização de um “briefing” diário através de videoconferência entre o CAPT do IM e o Centro de Operações da ANPC.


OSistema de Avisos Meteorológicos(SAM) do IM inclui a emissão de Avisos em relação a diferentes parâmetros meteorológicos (precipitação, vento e temperatura) e em relação a determinados índices calculados com base em parâmetros meteorológicos, como é o caso do Índice de Seca, do Índice Bioclimático e do índice de Risco de Incêndio Florestal.


Os Avisos Meteorológicos são emitidos pelo CAPT / IM para a ANPC e divulgados à população e à Comunicação Social através da página de Internet do IM (www.meteo.pt) , ou, em caso de uma situação extrema de risco, em Comunicado especial para os órgãos de comunicação social.


A página de Avisos tem por objectivo avisar as Autoridades de Protecção Civil e a população em geral para a ocorrência de situações meteorológicas de risco, que nas próximas 24 horas possam causar danos ou prejuízos a diferentes níveis, dependendo da sua intensidade.


Os Avisos são emitidos à escala distrital para diferentes parâmetros meteorológicas, segundo uma tabela de cores, que reflecte o grau de intensidade do fenómeno.


As cores apresentadas devem ser interpretadas da seguinte forma:

 

 

Considerações consoante a cor do aviso.


Cinzento


Informação em actualização.









Verde


Não se prevê nenhuma situação meteorológica de risco.









Amarelo


Situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.
Acompanhar a evolução das condições meteorológicas.









Laranja


Situação meteorológica de risco moderado a elevado.
Manter-se ao corrente da evolução das condições meteorológicas e seguir as orientações da ANPC.









Vermelho


Situação meteorológica de risco extremo.
Manter-se regularmente ao corrente da evolução das condições meteorológicas e seguir as orientações da ANPC.













 

Os Avisos são emitidos em relação às seguintes situações: vento forte, precipitação forte, queda de neve, trovoada, frio, calor, nevoeiro persistente e agitação marítima.


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